O jornalista aposentado Donizete César está inconformado. Ele teve a casa destruída após o desabamento do prédio Real Class, de 34 andares, na Travessa 3 de Maio, bairro de São Brás.
Morador vizinho ao prédio, a casa foi atingida por escombros da construção que caiu. 'Isso foi uma tragédia anunciada', desabafou Donizete. Segundo ele, várias denúncias sobre irregularidades na construção já haviam sido feitas. 'Foi denunciado no Ministério Público e na Polícia Civil', denunciou.
Ainda segundo ele, o prédio já foi palco de várias manifestações de trabalhadores. 'O prédio estava torto. Até tijolo já caiu', afirmou. Desolado, Donizete conta que perdeu tudo. 'Me sinto um morto vivo, pois apesar de estar vivo, não tenho mais nada. Perdi minha casa e não sei se serei recompensado. Mas mesmo assim, minha casa nunca será a mesma, nada será igual ao que eu construí', lamentou.
Depoimentos de familiares também revelam possíveis irregularidades da obra. Segundo Madalena Ferreira, 31 anos, irmã de Max Ferreira dos Santos, um dos operários da empresa de engenharia responsável pela construção do prédio, o desastre já era de se esperar. 'Há uns dois, três meses atrás meu irmão chegou em casa falando que a obra iria ser interditada por irregularidades, mas que a empresa tinha conseguido uma liminar para continuar a obra. No momento nem ficamos tão preocupados, mas agora com a tragédia, vem tudo isso à mente', relata Madalena.
A falta de informações concretas também é grande no local do desastre. 'Ele saiu cedo hoje para o trabalho, por volta de 6h da manhã, como de costume, e agora estou aqui nesta agonia. Fiquei sabendo da notícia pela imprensa, pois ninguém passa informação do que realmente aconteceu, nem a empresa e nem os bombeiros. Só sairei daqui quando souber de alguma coisa', declara emocionada.
Redação Portal ORM
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